O anime de 1967 que deu à TV sua primeira heroína disfarçada de príncipe

A Princesa e o Cavaleiro
Imagem: Divulgação

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Entre coroas, espadas e segredos de identidade, A Princesa e o Cavaleiro marcou gerações ao colocar uma garota na armadura de um príncipe em plena década de 1960.

Criada por Osamu Tezuka, a série abriu caminho para protagonistas femininas em tramas de ação e fantasia, virou sucesso no Japão e encontrou no Brasil uma plateia fiel desde as manhãs da TV Tupi e da TV Record no início dos anos 1970.

Vídeo: Canal Fábrica de Lembranças

Origem e Contexto nos Mangás

Osamu Tezuka publicou Ribbon no Kishi entre 1953 e 1956 nas páginas da revista Shōjo Club, expandindo a narrativa em edições de 1958 e 1963.

Inspirado no teatro feminino Takarazuka Revue, Tezuka imaginou a pequena Safiri recebendo, por engano, um coração azul de menino além do rosa de menina enviado pelo anjo Ching.

Para proteger o reino da Terra de Prata, a princesa cresce trajando capa e espada como príncipe herdeiro e derruba normas de gênero muito antes de o termo “gender bender” existir.

A repercussão do mangá, considerado o primeiro shōjo moderno, abriu as portas para uma adaptação televisiva colorida, ousada para a época.

Chegada do Anime ao Japão e ao Brasil

Produzido pelo estúdio Mushi Production, o anime estreou na Fuji TV em 2 de abril de 1967 e ficou no ar até 7 de abril de 1968, totalizando 52 episódios de 25 minutos.

Safiri ganhou voz da atriz Yoshiko Ota, enquanto a trilha sonora ficou a cargo de Isao Tomita.

No Brasil, a animação desembarcou no início da década de 70, primeiro na TV Tupi e logo depois na TV Record; nos anos 80, reapareceu na TVS (futura SBT).

O público brasileiro se encantou pela mistura de conto de fadas, lutas de espada, temas religiosos e críticas sociais, ingredientes raros em desenhos infantis exibidos pela manhã.

Número de temporadas

  • Japão: 1 temporada (52 episódios)
  • Brasil: todos os 52 episódios chegaram a ser exibidos, mas em ordem fragmentada, com reprises frequentes.

Datas essenciais

  • Estreia no Japão: 02/04/1967
  • Estreia no Brasil: início de 1970 (TV Tupi)
  • Última exibição linear na TV aberta: início dos anos 80 (TVS)

Elenco de Voz e Direção

Equipe japonesa

  • Direção-geral: Chikao Katsui e Kanji Akabori
  • Produtor executivo: Osamu Tezuka
  • Safiri / Sapphire Yoshiko Ota
  • Ching (Tink) Takako Sasuga
  • Príncipe Franz Michie Kita
  • Duque Duralumínio Masashi Amenomori
  • Safiri: Ivete Jayme
  • Ching: Aliomar de Matos
  • Príncipe Franz: Henrique Ogalla
  • Duque Duralumínio: Waldir Guedes
  • Satã: Gilberto Baroli

    A adaptação passou por quatro estúdios diferentes ao longo dos anos; perdas de roteiros obrigaram o diretor de dublagem Gilberto Baroli a reescrever diálogos inteiros, gerando histórias exclusivas que só existem na versão brasileira.

Curiosidades de Bastidores

  • Tabu na TV americana – Em 1967, a NBC recusou a série alegando que a premissa podia ser interpretada como “troca de sexo”.
  • Pioneirismo feminino – Safiri antecede Sailor Moon, Lady Oscar e até She-Ra na liderança de narrativas de ação para meninas.
  • Produto multimídia – O sucesso rendeu LPs infantis, bonecos articulados fabricados pela Takara e um filme-compilação nos EUA chamado Choppy and the Princess (1972).
  • Censura no Vaticano? – À época, alguns críticos católicos condenaram episódios que envolviam anjos e demônios em tom humorístico, mas a polêmica só aumentou a curiosidade do público.
  • Redescoberta digital – Em 2020, cópias remasterizadas em HD chegaram ao YouTube e, fora do Brasil, ao acervo do serviço Crunchyroll, permitindo assistir com legendas em vários idiomas.

Legado e Influência em Outras Obras

A figura da garota que se veste de cavaleiro ecoa em Utena, A Guardiã do Poder (1997), Revolutionary Girl Utena, bem como na protagonista de The Rose of Versailles (Lady Oscar, 1979), também sobre conflitos de gênero na nobreza.

Quadrinistas ocidentais como Jen Wang citam Safiri como influência para Príncipe e Alfaiate. No Japão, mangakás shōjo passaram a explorar personagens femininas complexas, fato que Tezuka creditava publicamente a “uma certa princesa de espada em punho”.

Na cultura pop brasileira, o bordão “Coragem, Safiri!” entrou no repertório de dubladores e foi lembrado em comerciais de TV nos anos 90.

Cosplays da personagem tornaram-se presença constante em eventos de anime, ajudando a preservar o clássico entre novas gerações.

Onde Assistir A Princesa e o Cavaleiro Hoje

  • Streaming internacional: a série completa, com legendas, está disponível no catálogo global da Crunchyroll (dependendo da região).
  • YouTube: canais de fãs hospedam episódios dublados e legendados, alguns em alta definição.
  • DVDs e Blu-ray importados: edições japonesas de 2008 e 2010 trazem remasterização digital e extras raros, mas sem legendas em português.
  • Mangá no Brasil: a Editora JBC relançou toda a história em dois volumes especiais em 2021, fac-simile da versão de luxo em capa dura.
  • Canal ISTV: Exibe A Princesa e o Cavaleiro esporadicamente em sua programação que é retransmitida ao vivo em seu portal na Internet.

Outros Trabalhos da Equipe

  • Osamu TezukaAstro Boy, Kimba, o Leão Branco, Black Jack.
  • Isao Tomita – compositor pioneiro da música eletrônica, fez arranjos para Space Fantasy.
  • Yoshiko Ota – voz de Leo em Kimba.
  • Ivete Jayme – dublou Alice em Superbook e Katara na redublagem de Avatar: A Lenda de Aang.

Por que A Princesa e o Cavaleiro continua relevante

A ousadia de colocar uma garota em armadura inspirou debates sobre papéis que ainda ecoam hoje.

Mais de cinco décadas depois, A Princesa e o Cavaleiro segue conquistando novos fãs graças à internet e aos relançamentos em mídia física.

O legado criativo de Osamu Tezuka lembra que histórias bem contadas atravessam gerações.

A Princesa e o Cavaleiro permanece viva cada vez que alguém descobre que, no fundo, todos podemos portar espada e coração, sejam eles azuis, rosas ou de qualquer cor que escolhermos.

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Foto de Augusto Tavares

Augusto Tavares

Me chamo Augusto Tavares, sou formado em Marketing e apaixonado pelo universo dos programas de TV que marcaram época. Como autor trago minha experiência em estratégia de comunicação e criação de conteúdo para escrever artigos que reúnem nostalgia e informação. Meu objetivo é despertar memórias afetivas nos leitores, mostrando como a era de ouro da televisão ainda influencia tendências e comportamentos nos dias de hoje.

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