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Na estreia, As Panteras explodiram em audiência, colocando a ABC no topo do horário nobre. Menos de um ano depois, porém, executivos falavam em cortar a série que havia revolucionado a TV norte-americana.
Como um fenômeno pode quase sair do ar tão rápido? A resposta envolve polêmicas sobre “Jiggle TV”, disputas contratuais milionárias e a saída relâmpago de Farrah Fawcett, ingredientes capazes de abalar qualquer produção de Hollywood.
As Panteras e a revolução do horário nobre
Lançada em 22 de setembro de 1976 nos Estados Unidos, As Panteras quebrou paradigmas ao escalar três protagonistas femininas em missões policiais repletas de ação, glamour e humor.
No primeiro semestre de 1977, o seriado alcançou média de 26 pontos no Nielsen, o que significou o 5.º lugar geral da TV norte-americana.
A ideia partiu dos produtores Aaron Spelling e Leonard Goldberg, com criação de Ivan Goff e Ben Roberts.
Na época, executivos rivais da NBC chamaram o formato de “programa sobre seios que balançam”, cunhando o termo pejorativo “Jiggle TV”.
Mesmo assim, anunciantes disputavam cada intervalo, e o sucesso de audiência foi incontestável.
No Brasil, a estreia ocorreu em março de 1977 pela Rede Globo, já com dublagem clássica de São Paulo.
A emissora exibiu todas as cinco temporadas originais, totalizando 115 episódios, sempre com ótimos índices de Ibope nas madrugadas de domingo.
A primeira crise: audiências, crítica e 1977
Entre fevereiro e abril de 1977, colunas especializadas começaram a questionar a longevidade do programa. Embora os números fossem altos, críticos acusavam roteiros “vazios” e exploração da sensualidade.
Temendo desgaste precoce, a ABC cogitou mudar a série de dia e reduzir orçamentos. Essa combinação de pressão externa e incerteza interna lançou a sombra do cancelamento ainda na primeira temporada.
Ao mesmo tempo, feministas acusavam a atração de objetificar suas heroínas. Já parte do público via empoderamento no fato de três mulheres resolverem crimes sem ajuda masculina direta, algo inédito em horário nobre.
O impasse transformou As Panteras em fenômeno cultural e campo de batalha ideológico.
Bastidores quentes: o contrato de Farrah Fawcett
A gota d’água veio quando Farrah Fawcett, então rosto mais famoso da TV, decidiu não renovar para a segunda temporada.
Spelling-Goldberg Productions moveu processo de US$ 7 milhões contra a atriz por quebra de contrato, alegando prejuízos comerciais.
A ação jurídica, iniciada em 1977, quase inviabilizou a continuidade da série, pois a ABC temia desfalque de patrocinadores e quedas de audiência.
O acordo final determinou que Fawcett faria aparições especiais em seis episódios futuros, abrindo espaço para Cheryl Ladd assumir como Kris Munroe.
A chegada da nova Pantera e a campanha publicitária agressiva reverteram a tendência negativa, mas deixaram claro que, sem elenco estável, o futuro permanecia incerto.
Reformulação e retomada do sucesso
Com Kate Jackson, Jaclyn Smith, Cheryl Ladd e depois Shelley Hack e Tanya Roberts, a produção sobreviveu a sucessivas trocas de elenco.
O segredo esteve em episódios independentes, repletos de disfarces, locações externas e trilha sonora marcante de Jack Elliott e Allyn Ferguson. A estratégia manteve o seriado no ar até 24 de junho de 1981.
Curiosidades de bastidor mostram o charme do formato: cada Pantera tinha 35 trocas de figurino por temporada, e cenas de ação foram coordenadas pelo mesmo time de dublês de “Baretta”.
O misterioso Charlie, dublado por John Forsythe, gravava suas falas em lote único, evitando contato direto com as atrizes, truque que adicionava mística à agência Townsend.
Legado multimídia de As Panteras
Após o fim da série, a franquia migrou para o cinema em 2000 (“As Panteras”) e 2003 (“As Panteras: Detonando”), com Cameron Diaz, Drew Barrymore e Lucy Liu.
Em 2019, Elizabeth Banks dirigiu nova releitura para os cinemas, enquanto um reboot televisivo de 2011 durou apenas oito episódios. Tais versões, mesmo sem repetir o estrondo original, provaram a força da marca.
Hoje, todas as cinco temporadas estão disponíveis com dublagem em português na Pluto TV desde agosto de 2023, e episódios remasterizados surgem periodicamente em serviços de compra digital como Apple TV e Google Play.
Box sets em DVD também continuam em catálogo para colecionadores.
Além de Kate Jackson aparecer em “Scarecrow & Mrs. King”, Jaclyn Smith brilhou em telefilmes, Cheryl Ladd participou de “Las Vegas”, e Tanya Roberts ganhou notoriedade em “007, Na Mira dos Assassinos”.
Do lado da produção, Aaron Spelling emplacou sucessos como “Barrados no Baile” e “Melrose”.
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As Panteras no imaginário popular
As Panteras quase foram descartadas antes mesmo de completarem um ano, mas transformaram crise em combustível criativo.
O embate entre audiência estrondosa e críticas severas inaugurou uma nova era, em que o sucesso comercial podia prevalecer mesmo sob fortes questionamentos morais.
Quase cinco décadas depois, o seriado permanece referência de estilo, humor e ação, gerando debates sobre representação feminina na mídia e inspirando releituras em diferentes plataformas.
Cada geração descobre as proezas de Sabrina, Jill, Kelly e suas sucessoras, percebendo como aquele viva-voz anônimo continua convocando novas “agentes” para o entretenimento.
Para fãs antigos e novos, revisitar As Panteras, agora a poucos cliques de distância, é recordar que ousadia, carisma e solidariedade feminina formam combinação atemporal, capaz de vencer até a ameaça de cancelamento mais assustadora.
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