Quando Quarteto Fantástico 1967 estreou nas manhãs da ABC, em 9 de setembro de 1967, parecia óbvio que Johnny Storm, o Tocha Humana, iluminaria também as telonas.
Mas não foi o que aconteceu: durante anos o herói de fogo ficou fora de animações posteriores e, sobretudo, dos primeiros esforços cinematográficos com a equipe.
Relembrar essa ausência ajuda a entender os bastidores de licenciamento que moldaram toda a história das adaptações de super-heróis.
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Em meio a tramas cósmicas, monstros subterrâneos e a estreia televisiva de Galactus, o desenho produzido pela Hanna-Barbera, primeira animação da Marvel em rede nacional, trouxe efeitos eficientes para a época e o traço elegante de Alex Toth.
O fenômeno logo chegou ao Brasil, formando gerações de fãs que, décadas depois, ainda se perguntam: por que exatamente o Tocha não pegou fogo nos cinemas?
A Gênese do Quarteto Fantástico 1967 na TV
A iniciativa nasceu de uma conversa casual entre o agente Sy Fischer, da Hanna-Barbera, e seu filho leitor de quadrinhos. William Hanna e Joseph Barbera levaram a proposta a Stan Lee, que aprovou na hora.
Com apenas 20 episódios de 22 minutos, a série foi suficiente para fixar visualmente o uniforme azul e o “4” no peito da equipe em milhões de lares norte-americanos.
Os produtores mantiveram Lee e Jack Kirby como consultores criativos, garantindo fidelidade a tramas famosas das HQs, como “O Surfista Prateado” e “O Homem-Toupeira”.
Embora o orçamento fosse apertado, soluções de storyboard rápidas e o som marcante de Ted Nichols compensavam a animação limitada comum à TV dos anos 60.
Quem Eram as Vozes do Tocha Humana e Companhia?
Gerald Mohr deu tom maduro a Reed Richards, enquanto Jo Ann Pflug interpretou Susan Storm com equilíbrio entre doçura e firmeza. Jac Flounders, então novato, foi escolhido para encarnar o impetuoso Johnny Storm, e o veterano Paul Frees alternou o vozeirão entre Ben Grimm, Uatu o Vigia e uma dúzia de vilões.
No Brasil, a redublagem dos estúdios AIC/SP reuniu nomes como Waldyr Santana (Tocha) e Élcio Sodré (Sr. Fantástico), tornando as frases “Chamas acesas!” e “Tá na hora do pau!” bordões eternos entre os fãs.
Datas, Temporadas e a Chegada ao Brasil
Exibida nos EUA entre 9 de setembro de 1967 e 21 de setembro de 1968, a série passou em loop até 1970. No Brasil, chegou no início da década de 1970 pela TV Tupi e, pouco depois, migrou para a TV Record e para a TVS, futuro SBT.
Essas reprises nacionais formaram a memória afetiva que mantém o desenho vivo entre colecionadores de fitas VHS e DVDs importados.
Apesar da fama, a animação nunca ganhou segunda temporada; a produção preferiu investir em The New Fantastic Four (1978), já sem o Tocha, e em outras criações como a popular linha de heróis da Filmation. Isso alimentou, desde então, um pequeno culto em torno da versão de 1967, vista como a mais fiel da Era Prata dos quadrinhos.
Por Que o Tocha Humana Foi Esquecido no Cinema?
O sumiço começou em 1977, quando a Marvel licenciou Johnny Storm à Universal para um filme solo que jamais saiu do papel. Com os direitos presos, a série animada de 1978 substituiu o herói por H.E.R.B.I.E., um robozinho criado por Jack Kirby.
Rapidamente surgiu a lenda de que a ausência visava evitar que crianças se incendiassem para imitar o Tocha, mito reforçado por matérias sensacionalistas, mas já desmentido pelos roteiristas da época.
A armadilha contratual arrastou-se durante anos: sem poder usar Johnny, produtores de live-action optaram por engavetar projetos do Quarteto.
Houve até tentativas, como o telefilme nunca lançado de 1994, mas nada chegou ao grande público até 2005, quando a 20th Century Fox finalmente reuniu a equipe completa, com Chris Evans como Tocha.
Na prática, a ausência prolongada reduziu o potencial de marketing do personagem, enquanto outras estrelas Marvel Homem-Aranha, Hulk e X-Men, ocupavam o cinema.
Curiosidades de Bastidores que Você Vai Curtir
- Alex Toth recebeu a missão de simplificar os uniformes: ele retirou detalhes complexos das luvas para acelerar a animação quadro a quadro.
- Paul Frees gravou falas do Coisa dobrando gravidade na voz, depois bebeu mel para recuperar as cordas vocais.
- Stan Lee apareceu dublando um repórter em “Galactus”, seu primeiro “cameo” fora das HQs.
- O tema de abertura foi reaproveitado na vinheta de “Hanna-Barbera’s World of Super Adventure”.
- Nos EUA, a série antecedia “The Jonny Quest Show” nas manhãs de sábado; no Brasil, ia ao ar na faixa das 18h, horário nobre infantil da Tupi.
Onde Assistir ao Desenho Hoje e Outros Trabalhos do Elenco
Atualmente a série não está em nenhum streaming oficial no Brasil, mas diversos episódios em qualidade restaurada surgem no YouTube graças a colecionadores. Nos EUA, o box em DVD da Warner Archive, com áudio original, ainda pode ser encontrado em lojas online.
Gerald Mohr, falecido em 1968, teve carreira marcante em rádio-novelas; Jo Ann Pflug despontou mais tarde em “MAS*H” (1970). Paul Frees continuou emprestando a voz a vilões da Disney, enquanto Jac Flounders migrou para a dublagem de comerciais.
Nos estúdios brasileiros, Waldyr Santana eternizou He-Man, e Élcio Sodré ainda é lembrado como Shiryu de “Os Cavaleiros do Zodíaco”.
Quarteto Fantástico 1967 continua aceso
O sumiço do Tocha Humana em décadas de cinema não diminuiu o brilho do desenho de 1967; ao contrário, tornou-o peça chave na compreensão das disputas de licenciamento que moldaram a cultura pop.
Quando Quarteto Fantástico 1967 desembarcou no Brasil, mostrou que animação de super-herói podia ser adulta, cósmica e repleta de ciência maluca, mesmo com orçamento modesto.
Hoje, revisitar esses 20 episódios é mais do que nostalgia: é entender que decisões de bastidor podem apagar, ou reacender, personagens inteiros por gerações. A saga dos direitos de Johnny Storm prova que contratos importam tanto quanto roteiros em Hollywood.
E, enquanto o MCU prepara uma nova encarnação da equipe, vale lembrar que a chama original ainda arde. Cada vez que alguém aperta o play em “Chamas acesas!”, o legado vive, e talvez esse seja o verdadeiro superpoder do desenho de 1967.
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