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Em dezembro de 1976, entre aviõezinhos de dinheiro e o vozeirão inconfundível de Silvio Santos, estreava Qual é a Música, desafio que transformou a adivinhação de canções em euforia nacional.
A disputa logo virou símbolo dos domingos do SBT, lançou campeões improváveis e, na década seguinte, passou a figurar nos catálogos internacionais como formato exportável, pavimentando caminho para adaptações do mesmo conceito em ao menos dezoito territórios, do Canadá ao Vietnã.
Da Criação aos Domingos de Ouro
Silvio bancou criador, apresentador e show-runner. Inspirou-se no rádio dos anos 1950, mas imprimiu DNA brasileiro ao colocar plateia, orquestra e “compras” de notas musicais em cena.
Os maestros Osmar Milani (1976-1979) e, depois, Zezinho (1979-1991) comandavam o tradicional “Quantas notas, maestro?”, momento em que os cantores negociavam quantos acordes precisavam para reconhecer o hit.
A primeira fase durou quinze temporadas ininterruptas, até 1991, alcançando médias de 20 pontos de audiência e garantindo ao SBT a liderança em várias capitais.
As Regras e o Charme das “Notas, Maestro!”
Dois trios, um masculino, outro feminino, competiam em provas como “Leilão de Notas”, “Sabatina Musical” e “Boca do Cantor”. Se os artistas falhassem, o auditório entrava em cena e ainda recebia prêmio em dinheiro.
A orquestra ao vivo mesclava MPB, rock e sucessos internacionais; dubladores como Virgínia Lago e Pabllo Augusto faziam as vozes de apoio; e telemoças como Sonia Lima distribuíam brindes.
Tudo regido por sincronia milimétrica que virou escola para programas de auditório posteriores.
Campeões, Curiosidades e Bastidores
Ronnie Von cravou o recorde de 25 vitórias seguidas, feito que Silvio Brito (24) e Gretchen (22) quase igualaram.
O cantor Nahim chegou a processar a emissora nos anos 1990 reivindicando o posto de maior vencedor, mas o SBT manteve o ranking.
Cada campeão voltava no domingo seguinte usando a cobiçada “coroa de ouro”, e atraía patrocinadores dispostos a pagar mais de um milhão de cruzeiros pela exposição.
Bastidores revelam que Silvio, sempre atento ao suspense, mandava trocar a lâmpada vermelha da buzina minutos antes da entrada no ar para “dar sorte”.
Revivals e Influência Global
A pausa de 1991 durou oito anos. Em 1999, o formato voltou modernizado, agora gravado em cenário tridimensional, mantendo Silvio no comando até 2008.
A terceira etapa nasceu em 2023, com Patrícia Abravanel à frente, painéis LED e banda renovada.
Paralelamente, o modelo inspirado no quadro brasileiro, embora derivado do clássico norte-americano Name That Tune, já contabilizava adaptações em pelo menos 18 países, caso de “Jaka to melodia?” (Polônia) e “Let the Music Play” (Alemanha).
O tempero tropical, plateia participativa, orquestra robusta e humor espontâneo, tornou-se exigência de licenciamento.
Onde Assistir Hoje
Edições clássicas inteiras estão disponíveis gratuitamente no SBT Vídeos, enquanto o canal “Programa Silvio Santos, Baú de Memórias” no YouTube libera trechos restaurados semanalmente.
Na TV aberta, o quadro reaparece em edições especiais aos domingos, às 20h, dentro do “Programa Silvio Santos”, com jogos inéditos gravados em 2025.
Para maratonar episódios históricos, colecionadores mantêm boxes em DVD lançados em 2010, hoje item de sebos virtuais.
Qual é a Música no Século XXI
O retorno comandado por Patrícia mostra que o público ainda se encanta com jogos simples, música ao vivo e clima de festa em família.
Mesmo em tempos de streaming, a plateia vibra ao ouvir três acordes de “Evidências” e descobrir quem buzina mais rápido.
A longevidade também se explica pela vitrine que o programa oferece: de Ronnie Von ao grupo Fat Family, muitos artistas redescobriram hits no palco do game e viram vendas dispararem.
A nova geração aproveita o espaço para viralizar trechos no TikTok, ampliando o ciclo de nostalgia e relevância.
Enfim, Qual é a Música permanece como ponte entre memória afetiva e cultura pop multiplataforma, provando que reconhecer uma melodia em poucos segundos ainda é capaz de unir gerações em frente à TV, ou diante de qualquer tela onde a vinheta de sax comece a tocar.
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