O projeto secreto que levou um policial mutilado às tardes brasileiras de 1986

Moto Laser
Imagem: Divulgação

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Moto Laser chegou às telas brasileiras em meados de 1985, quando a Rede Globo decidiu apostar em uma produção americana que misturava ficção científica, drama policial e adrenalina sobre duas rodas.

Embora nos Estados Unidos seu título original fosse Street Hawk, por aqui a trama ganhou um nome que capturava de imediato a imaginação dos jovens: uma moto futurista, equipada com lasers e capaz de superar 480 km/h, patrulhando as ruas para deter o crime.

Vídeo: Canal MacPhoenix82

Origem e desenvolvimento da série

Em 1983 os roteiristas Paul M. Belous e Robert Wolterstorff conceberam a ideia de um vigilante urbano que pilotasse uma motocicleta experimental do governo.

A ABC aprovou o projeto e designou Bruce Lansbury para desenvolver o formato.

O piloto, dirigido por Dick Lowry, foi filmado em locações de Los Angeles com uma Honda XR500 transformada pelo designer Andrew Probert, conhecido por seu trabalho em Star Trek – O Filme.

Após ajustes de roteiro e cenas adicionais, Street Hawk estreou nos Estados Unidos em 4 de janeiro de 1985, às 21h, competindo com Dallas na CBS.

Apesar da recepção modesta, a crítica elogiou o tema eletrônico “Le Parc”, composto pelo grupo alemão Tangerine Dream, que virou assinatura sonora da supermoto.

Elenco e equipe de peso

O protagonista Jesse Mach foi vivido por Rex Smith, ex-ídolo teen do pop rock que havia estrelado o musical “Grease” na Broadway.

Após um acidente que lesionou sua perna, o personagem abandonava as ruas como policial convencional para assumir a identidade secreta de Street Hawk.

Ao lado dele estava Joe Regalbuto como Norman Tuttle, o engenheiro do Departamento de Justiça que supervisionava a moto.

Na TV brasileira, as vozes de Mário Jorge de Andrade (Jesse) e Luiz Carlos Persy (Tuttle) tornaram-se familiares nas sessões da tarde.

A equipe de direção incluiu veteranos de ação: Virgil W. Vogel, Gus Trikonis e Winrich Kolbe, todos oriundos de séries como Galáctica 1980 e Magnum.

A fotografia noturna carregada de néon ajudou a criar a atmosfera de metrópole oitentista que o público recorda até hoje.

Estreias, exibições e temporadas

Nos Estados Unidos a série contou com 1 temporada e 13 episódios, exibidos de janeiro a 16 de maio de 1985.

No Brasil, também foi apresentada essa temporada, mas em ordem diferente: a Globo a lançou dentro da “Sessão Aventura” a partir de setembro de 1985, reprisou em 1986 nas férias escolares e voltou a exibí-la em 1988 nas manhãs de sábado.

Em 1990 a TV Record adquiriu os direitos e levou Moto Laser a uma nova geração de espectadores. Mesmo curta, a vida do programa gerou forte merchandising.

A fabricante brasileira Glasslite lançou um autorama oficial, e miniaturas da supermoto viraram itens de colecionador.

A supermoto e seus efeitos especiais

A “Hyperthrust” era o coração de Moto Laser. O chassi real misturava fibra de vidro e reforços de alumínio para suportar tomadas de até 130 km/h.

Cenas que mostravam saltos impossíveis e feixes de laser eram capturadas em estúdio com sobreposição óptica, uma técnica acessível antes da CGI. A produção utilizou pneus lisos de pista e duas motos reserva para cenas de risco.

O velocímetro digital no painel piscava números absurdos, chegando a 300 mph (aprox. 482 km/h), recurso que fascinou crianças e traumatizou encarregados de continuidade quando precisavam sincronizar close-ups.

O rugido do motor foi construído em sala de som a partir de turbinas F-16 mescladas a rugidos de felinos, realçando a ideia de que a máquina era “meio animal, meio foguete”.

Impacto cultural e curiosidades

  • O ator George Clooney participou do episódio “A Second Self”, exibido em 15 de fevereiro de 1985, interpretando o rival Kevin Stark.
  • O tema “Le Parc” chegou ao Top 100 europeu e alavancou vendas do álbum homônimo do Tangerine Dream.
  • Para simular lasers, a equipe usou varas fluorescentes pintadas de verde em filmagens noturnas, substituídas depois por animação quadro a quadro.
  • A exibição brasileira coincidiu com o boom de “superveículos” na TV : A Super Máquina (Knight Rider), Águia de Fogo (Airwolf) e Trovão Azul (Blue Thunder).
  • No roteiro original Jesse Mach perderia uma perna; a ABC recuou temendo rejeição infantil, mantendo apenas uma lesão no joelho.

Onde assistir ‘Moto Laser’ hoje

Os direitos de streaming da série são fragmentados. Nos Estados Unidos o serviço gratuito Pluto TV exibe os 13 episódios sob demanda.

No Brasil não há plataforma oficial, mas o piloto dublado se encontra no YouTube em boa qualidade.

A Shout! Factory lançou DVD região 1 em 2010, e colecionadores vendem boxes importados em sites de marketplace. Vale atentar à compatibilidade de região antes da compra.

Para quem prefere mídia digital, o iTunes norte-americano oferece episódios avulsos em HD. É recomendável usar gift cards internacionais, já que a loja brasileira não disponibiliza o título.

Na data de publicação desse artigo a Rede Brasil de Televisão, canal especializado em conteúdo retrô, está exibindo Moto Laser semanalmente em sua programação que é transmitida ao vivo em seu portal na internet.

Legado do elenco e direção

Rex Smith seguiu carreira na TV e no teatro musical: em 1989 vestiu o uniforme vermelho de Demolidor no telefilme O Julgamento do Incrível Hulk, precursor do “Marvel televisivo”.

Joe Regalbuto emplacou oito temporadas como Frank Fontana em Murphy Brown, papel que lhe rendeu indicação ao Emmy.

Entre os diretores, Winrich Kolbe se notabilizou em Star Trek: A Nova Geração e dirigiu o piloto de Star Trek: Voyager. Gus Trikonis trabalhou em Super Máquina e Baywatch, enquanto Dick Lowry comandou minisséries de guerra para a NBC nos anos 90.

A trilha de Tangerine Dream continuou requisitada em filmes como Fogo Fátuo e Inimigo Meu.

A associação entre sintetizadores pulsantes e cenas sobre rodas viria a influenciar longas como Drive (2011) e séries neo-oitentistas como Stranger Things.

Moto Laser ainda acelera corações

Moto Laser pode ter durado apenas 13 episódios, mas personifica a época em que a televisão abraçou a fantasia tecnológica para falar de justiça e esperança.

Sua estética neon e a promessa de velocidades impossíveis compõem um cartão-postal instantâneo dos anos 80.

Quatro décadas depois, a supermoto continua a inspirar colecionadores, músicos de synthwave e roteiristas que procuram reinventar o mito do herói motorizado.

O fato de boa parte do público recordar detalhes como o visor escuro de Jesse Mach ou o som estridente do “Hyperthrust” prova a força de sua iconografia.

Enquanto reboots são cogitados em fóruns de fãs, o legado principal de Moto Laser é lembrar que, com criatividade e um pouco de neon, até uma série de uma única temporada pode deixar marcas mais duradouras do que pistas de borracha no asfalto.

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Foto de Augusto Tavares

Augusto Tavares

Me chamo Augusto Tavares, sou formado em Marketing e apaixonado pelo universo dos programas de TV que marcaram época. Como autor trago minha experiência em estratégia de comunicação e criação de conteúdo para escrever artigos que reúnem nostalgia e informação. Meu objetivo é despertar memórias afetivas nos leitores, mostrando como a era de ouro da televisão ainda influencia tendências e comportamentos nos dias de hoje.

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