O Show de Calouros Silvio Santos embalou as tardes de milhões de brasileiros com mais do que notas de jurados severos: seus acordes viraram sinônimo de domingo.
Dos primeiros compassos de “Coisa Nossa” às entradas personalizadas de cada jurado, a música ajudou a transformar um simples concurso de talentos num ícone da TV.
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O samba‑funk “Coisa Nossa” que sacudiu o palco
Lançada por Jorge Ben Jor em 1969, “Coisa Nossa” ganhou arranjo vibrante do Maestro Zezinho e virou a vinheta de abertura entre 1977 e 1984, quando o quadro era exibido ainda na Rede Tupi e, depois, na Record e no nascente SBT.
O riff de sopros segurava as notas iniciais enquanto Silvio Santos surgia sorrindo, dando o tom festivo que marcaria todo o programa.
“Those Were the Days”: da canção russa ao hino de Silvio
A partir de 1984, cada jurado passou a entrar ao som de um trecho adaptado de “Those Were the Days”, sucesso de Mary Hopkin produzido por Paul McCartney em 1968.
A melodia, no entanto, remonta à balada russa “Dorogói Dlínnoyu”, de 1920. O arranjo brasileiro ganhou letra humorística: “E o Pedro de Lara lá‑lálálá…”, “Aracy de Almeida lá‑lálálá…”. Bastava ouvir o primeiro “lá” para a plateia entrar no coro.
Jurados em ritmo de festa: quando a música apresenta a fera
Entre as feras do júri, nomes como Pedro de Lara, Aracy de Almeida, Sônia Lima, Sérgio Mallandro e Elke Maravilha já chegavam “dançando” sua própria chamada musical.
Cada entrada reforçava o personagem: Pedro em passos curtos e cara fechada; Mallandro de chapéu virado e gargalhada; Elke espalhafatosa em plumas.
Esse tempero sonoro tornava a apresentação tão aguardada quanto a performance dos calouros.
Por trás da trilha: bastidores, maestros e direção musical
A direção musical clássica ficou a cargo do Maestro Zezinho, responsável por conduzir banda, sopros e efeitos de percussão que marcavam o temido “gong” dos calouros reprovados.
Na retomada do quadro em 2024, a batuta passou para Jefferson Cândido, que modernizou a mixagem digital sem perder o swing original.
Elenco, direção e dados de produção
- Apresentação (1977‑1996): Silvio Santos; retorno 2024: Patrícia Abravanel
- Direção original: Núcleo de auditório do SBT; direção atual: Jefferson Cândido
- Temas principais: “Coisa Nossa”, “Aqueles Dias” (versão de “Those Were the Days”)
- Estreia Brasil: julho de 1977; fim da fase clássica: 21 de dezembro de 1996; retorno: 3 de março de 2024
- Canais brasileiros: Rede Tupi (1977‑1980), Rede Record (1980‑1987), SBT (1981‑1996; 2024‑)
- Temporadas: 20 na fase original; 1 (em curso) na fase 2024
- Narrador icônico: Lombardi
- Jurados recorrentes: Pedro de Lara, Aracy de Almeida, Décio Piccinini, Sônia Lima, Wagner Montes, Flôr, Elke Maravilha, Sérgio Mallandro e dezenas de convidados.
Curiosidades que todo fã deve saber
- O famoso “gong” sonoro vinha de um prato de bateria amplificado no estúdio.
- A vinheta “Pedro de Lara lá‑ lá lá…” foi gravada ao vivo pelo próprio Silvio e repetida em todas as edições entre 1984‑1992.
- A plateia ensaiava o coro antes da gravação, quem errasse a tempo virava “calouro da plateia” e podia ganhar prêmio‑troça.
- Em 1988, o LP “Show de Calouros” vendeu mais de 100 mil cópias, reunindo versões de calouros premiados.
- Depois de trocar o nome para Show de Variedades em 1992, o quadro retomou o título original em 1993 com jurados revezando a apresentação.
Onde assistir hoje
A fase clássica tem trechos oficiais no canal Página do Silvio Santos no YouTube (vídeo de abertura de 13/03/1988 é o mais procurado). Já o quadro 2024 vai ao ar dentro do Programa Silvio Santos todos os domingos, às 20h, e fica disponível no SBT Vídeos depois da exibição.
Outros trabalhos do elenco e do maestro
- Aracy de Almeida — Ícone do samba, teve programa próprio na Rádio Nacional.
- Pedro de Lara — Jurado também no Gong Show brasileiro e ator de filmes de comédia.
- Décio Piccinini — Migrou para o Mulheres (Gazeta) como comentarista de TV.
- Maestro Zezinho — Assinou arranjos para Moacir Franco e Ronnie Von.
Show de Calouros: por que a trilha sonora ainda ecoa na memória
Mesmo décadas depois, o simples “lá-lálálá” continua instantaneamente reconhecível, sinal de como a trilha sonora grudou na cultura pop.
A música transformou um número de calouros em ritual coletivo, unindo plateia, jurados e telespectadores numa só batida. Ela ditava a tensão do “gong”, celebrava o 10 perfeito e eternizou frases simples em hinos de arquibancada doméstica.
Por fim, a sobrevivência desses jingles no streaming, em samples de DJs e até em memes mostra que a trilha do Show de Calouros Silvio Santos não pertence apenas ao passado: ela pulsa viva, renovada a cada clique nostálgico no play.
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