Superman III quase cancelado: a crise que abalou a produção

Superman III
Imagem gerada por IA para fins ilustrativos

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Superman III quase não saiu do papel. Por trás das cores vibrantes do uniforme de Christopher Reeve, uma tormenta de egos, cortes de orçamento e decisões apressadas quase levou a franquia do Homem de Aço ao colapso em 1983.

Conheça agora cada etapa dessa turbulenta jornada, das primeiras reuniões de roteiro até o momento em que as luzes do cinema finalmente se acenderam.

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A troca tumultuada de diretores e roteiros

Quando Richard Donner foi afastado após desentendimentos durante Superman II, os produtores Alexander e Ilya Salkind apostaram em Richard Lester, que já concluíra parte do segundo filme. A mudança trouxe um tom mais cômico, mas criou um vácuo criativo.

Roteiros circulavam com Brainiac, Super-girl e até um robô gigante, ideias que jamais veriam a luz do projetor. David e Leslie Newman, então, costuraram uma trama sobre um magnata que usa um supercomputador e uma kryptonita sintética, mas o texto mudava semanalmente, obrigando o elenco a decorar falas na véspera das filmagens.

Disputas entre estúdio e equipe criativa

A Warner queria repetir o êxito financeiro de 1978, porém gastando menos que os US$ 39 milhões que já assustavam os executivos. Lester cortou cenas de ação caras, substituindo maquetes por efeitos ópticos e piadas visuais para baratear o cronograma.

Christopher Reeve relutou em voltar, exigindo salário maior e controle sobre a agenda de filmagens. Só assinou quando recebeu carta-branca para um projeto paralelo: o drama O Vigilante da Noite.

Richard Pryor: solução de marketing ou bomba-relógio?

Depois que o comediante confessou no The Tonight Show ser fã de Superman, os Salkind enxergaram uma mina de ouro: o ator popular entre adultos e jovens poderia ampliar o público.

O estúdio pagou a Pryor 4 milhões de dólares, soma inédita para um coadjuvante, mas suas improvisações obrigavam Lester a refazer cenas inteiras. Entre risadas no set e atrasos sucessivos, a produção escorregava no orçamento reduzido.

A kryptonita sintética e o supercomputador: roteiro em mutação

Sem a verba necessária para vilões interplanetários, os roteiristas apostaram em tecnologia, tema quente após o sucesso de Tron. Surgiu a pedra “negra” criada por análise química incompleta, responsável por corromper o herói.

A luta interna que divide Clark Kent e seu lado sombrio foi gravada em parque de Londres com cabos invisíveis, exigindo semanas de ensaio. Era a cena-âncora do drama, mas quase caiu na sala de edição para encurtar o filme a 2 h 05.

A estreia turbulenta e a recepção dividida

Mesmo com percalços, Superman III chegou aos EUA em 17 de junho de 1983 e conquistou 12 milhões de dólares no primeiro fim de semana. No Brasil, o longa estreou em 16 de setembro de 1983, recebendo dublagem clássica da Herbert Richers.

Críticos reclamaram do excesso de humor slapstick e do papel diluído de Margot Kidder, mas elogiaram o confronto Clark versus Superman. A bilheteria global bateu US$ 80,2 milhões, bem abaixo dos antecessores, porém suficiente para garantir a continuação em 1987.

Do cinema à TV brasileira

Nos anos 1990, o SBT transformou Superman III em queridinho do bloco Cinema em Casa. A luta na usina química e as gags de Richard Pryor viraram assunto no recreio de muita escola, quem nunca imitou o super-computador engolindo a vilã?

A exibição frequente consolidou o hábito de ver filmes de herói na TV aberta, preparando terreno para as maratonas da Tela Quente da Globo.

Onde assistir Superman III hoje

Em 2025, a Warner mantém o clássico no catálogo do Max, com opção de áudio original e dublagem de 1984. Também há locação digital na Apple TV, Google Play e Prime Video, custando em média R$ 9,90.

Blu-rays remasterizados em Full HD trazem comentários de Richard Lester, cenas deletadas e o making-of The Making of Superman III, indispensável para quem quer mergulhar no caos criativo da produção.

Curiosidades que valem o play

  • O supercomputador desenhado por Ken Adam usou 70 km de cabos cenográficos.
  • A cena de abertura, com gags de dominó humano, foi filmada em nove dias na Old Royal Naval College, em Greenwich.
  • O roteiro original incluía Brainiac e um romance de Lana Lang com Super-girl, eliminado na quarta versão.
  • Reeve realizou a maioria das acrobacias, inclusive o voo rasante na usina, embora tenha temido bater no teto do estúdio de Pinewood.
  • Um jogo para Atari 5200 chegou a ter caixas impressas, mas o cartucho nunca foi finalizado.

Superman III ainda vale a pena?

Superman III sobrevive como registro de uma Hollywood em transição, quando produtores tentavam equilibrar espetáculo e comédia leve para conquistar toda a família. Revendo hoje, fica claro que os percalços de bastidor deixaram cicatrizes: nem todas as piadas funcionam, e o tom salta da tensão ao pastelão em segundos. Mas o duelo interno de Clark Kent permanece impactante, lembrando-nos de que mesmo heróis precisam encarar seus próprios fantasmas.

Para fãs de quadrinhos, o filme guarda relíquias: a primeira kryptonita “alternativa” do cinema e uma rara chance de ver Christopher Reeve interpretando duas facetas do mesmo personagem em plena forma física. Já cinéfilos curiosos encontrarão lições de como decisões de estúdio podem redefinir a essência de uma franquia.

Revisitar Superman III hoje é mais do que nostalgia. É estudar o momento em que a cultura pop aprendeu que criatividade e finanças precisam caminhar juntas. Com seus tropeços e brilhos, a obra segue relevante, lembrando por que ainda olhamos para o céu esperando ver um herói de capa vermelha voar.

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Foto de Augusto Tavares

Augusto Tavares

Me chamo Augusto Tavares, sou formado em Marketing e apaixonado pelo universo dos programas de TV que marcaram época. Como autor trago minha experiência em estratégia de comunicação e criação de conteúdo para escrever artigos que reúnem nostalgia e informação. Meu objetivo é despertar memórias afetivas nos leitores, mostrando como a era de ouro da televisão ainda influencia tendências e comportamentos nos dias de hoje.

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