‘Réquiem para um Sonho’: por que ainda é impossível ignorar este soco no estômago 25 anos depois

Réquiem para um Sonho
Imagem: Divulgação

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Réquiem para um Sonho chegou aos cinemas em 2000, mas segue despertando reações extremas, de ovações em Cannes a relatos de espectadores que abandonaram a sala enjoados

A cada revisão, a história de Sara, Harry, Marion e Tyrone esfrega na nossa cara a sedução do “sonho americano” e o abismo que se abre quando tudo dá errado.

Ao contrário de outros filmes sobre drogas que flertam com glamour, Réquiem para um Sonho insiste em mostrar o preço a ser pago e transforma o vício num pesadelo íntimo, quase físico.

É justamente essa recusa em aliviar o desconforto que mantém o longa vivo na cultura pop, ainda hoje tema de painéis em festivais como o Tribeca 2025.

Outro fator é o impacto geracional: quem viu aos 20 sente o baque de forma diferente quando revê aos 40, já com outras cicatrizes na bagagem.

O choque permanece, mas ganha camadas de empatia, especialmente diante do crescimento de crises de opioides e psicofármacos prescritos.

Vídeo: Canal Arlindo C. Jr.

Entre a arte e o choque: as armas visuais de Darren Aronofsky

Réquiem para um Sonho é famoso pelo “bombardeio sensorial” que Darren Aronofsky arquitetou. O diretor combina:

  • SnorriCam (câmera presa ao corpo do ator) para colar o espectador na vertigem dos personagens;
  • Montagem em hipercorte (a famosa sequência “heroína / dilatar pupila / êxtase / abatimento”) que resume cada aplicação em segundos;
  • Lentes olho-de-peixe, split-screen e timelapses para distorcer a noção de espaço-tempo.

Esses recursos não estavam ali só para impressionar: Aronofsky queria “imitar a química do vício”, e conseguiu.

Não por acaso, a revista Sight and Sound classificou o filme como um dos 30 mais bem editados de todos os tempos.

25 anos depois de Réquiem para um Sonho: o que aprendemos sobre vício e livre-arbítrio

Desde 2000, estudos sobre dependência evoluíram, e as discussões que o filme provoca continuam acesas.

Especialistas como o neuropsicofarmacologista David Nutt elogiam a precisão do retrato da compulsão, enquanto pesquisadores como Gene Heyman argumentam que a obra superestima a irreversibilidade do vício.

Na prática, Réquiem para um Sonho virou contraponto perfeito entre duas visões: doença crônica versus escolha autônoma.

Essa disputa teórica se reflete nas políticas públicas, basta pensar na atual epidemia de fentanil nos EUA.

Além disso, o longa segue relevante como crítica social. Ao colocar uma dona de casa obcecada por um programa de TV ao lado de jovens que enxergam na heroína um “negócio”, Aronofsky sugere que a promessa de sucesso fácil corrói igualmente diferentes classes sociais.

Em tempos de “hustle culture” e redes sociais repletas de coachs, o alerta soa ainda mais atual.

Vale (mesmo) a pena rever Réquiem para um Sonho em 2025?

Se você nunca viu, ou tenta criar coragem para rever, considere:

  • Onde assistir: a cópia restaurada em 4K circula por sessões especiais em festivais e já está disponível em plataformas digitais (aluguel e compra).
  • Como assistir: com fones de ouvido ou som potente; a trilha de Clint Mansell e do Kronos Quartet é metade da experiência.
  • Depois do play: marque uma conversa com amigos ou um clube de filmes. A catarse coletiva ajuda a processar o impacto.

Revisitar Réquiem para um Sonho em 2025 significa encarar, sem filtros, a pergunta central: “Até onde vou para preencher o vazio?” A resposta talvez doa, mas dificilmente será esquecida.

Réquiem para um Sonho: Um convite (com cautela)

Réquiem para um Sonho não é sessão-pipoca. É um espelho rachado que devolve nosso próprio frenesi por resultados imediatos, likes ou qualquer recompensa instantânea.

Se topar o desafio, vá de mente aberta e, quem sabe, saia com novos insights sobre dependência, sociedade e sobre você mesmo.

Depois conte aqui nos comentários como foi encarar (ou reencontrar) esse clássico incômodo.

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Foto de Augusto Tavares

Augusto Tavares

Me chamo Augusto Tavares, sou formado em Marketing e apaixonado pelo universo dos programas de TV que marcaram época. Como autor trago minha experiência em estratégia de comunicação e criação de conteúdo para escrever artigos que reúnem nostalgia e informação. Meu objetivo é despertar memórias afetivas nos leitores, mostrando como a era de ouro da televisão ainda influencia tendências e comportamentos nos dias de hoje.

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