Poucos cenários do cinema são tão icônicos quanto o labirinto coberto de neve que cerca o Hotel Overlook em O Iluminado. Mas será que aquela estrutura colossal existiu de verdade, ou foi tudo truque de estúdio?
A resposta envolve sets gigantes na Inglaterra, um lodge de esqui no Oregon e até um hotel centenário no Colorado que decidiu criar sua própria atração para agradar aos fãs.
Elenco, direção e equipe em números
Stanley Kubrick dirigiu e coescreveu a adaptação com Diane Johnson; John Alcott assinou a fotografia. No elenco, Jack Nicholson (Jack Torrance), Shelley Duvall (Wendy), Danny Lloyd (Danny), Scatman Crothers (Hallorann) e Barry Nelson (Ullman), todos sob um cronograma de filmagem que se estendeu de maio de 1978 a abril de 1979 nos estúdios EMI Elstree, em Borehamwood, Inglaterra.
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Um labirinto gigantesco… mas de mentirinha
O labirinto não ficava no Timberline Lodge, cuja fachada aparece nos planos gerais do filme. Para as cenas externas diurnas, Kubrick ergueu uma versão em escala real no backlot do antigo estúdio MGM, a poucos quilômetros de Elstree; já as tomadas noturnas foram feitas dentro de um galpão climatizado (Stage 1) com paredes de painéis de arame, centenas de galhos de teixo e neve de poliestireno.
Em close-ups, as sebes tinham 3,5 m de altura, mas, longe da câmera, muitas eram simples tapumes forrados de folhas artificiais. O centro do labirinto, visto de cima, foi outro truque: uma maquete iluminada por baixo, sobre a qual Kubrick sobrepôs a imagem de Wendy e Danny usando o famoso zoom vertical.
Timberline Lodge: o exterior sem labirinto
As tomadas aéreas de abertura, com o Fusca amarelo serpenteando pela montanha, foram captadas pelo 2.º unidade em Glacier National Park, Montana. Já a fachada congelada do Overlook pertence ao Timberline Lodge, no Monte Hood, Oregon, um hotel real que nunca teve um labirinto de cerca-viva, condição imposta pelo próprio Timberline para evitar que hóspedes se perdessem na neve.
Stanley Hotel cria um labirinto “de verdade” em 2015
O Stanley Hotel, em Estes Park, foi a inspiração de Stephen King para o romance de 1977. Curiosamente, também não possuía uma cerca-viva até lançar, em 2015, um concurso público que selecionou o projeto de 1.600 arbustos formando um circuito de 1.200 pés. Desde então, o labirinto tornou-se atração permanente e ponto obrigatório para fãs.
Bastidores e curiosidades do set
- Incêndio em janeiro de 1979: o Stage 3 pegou fogo durante ajustes de luz no Colorado Lounge, atrasando a produção em seis semanas e forçando a reconstrução de parte do labirinto interno.
- Steadicam revolucionária: Garrett Brown correu entre as sebes com a câmera estabilizada presa a esquis de alumínio, criando a sensação de imersão que marcou o filme.
- Neve eterna: além do poliestireno, a equipe usou 700 toneladas de sal britânico e espuma de isopor moída para o chão; restos brancos foram achados no terreno décadas depois, durante obras de um supermercado.
- Outros trabalhos do elenco: Nicholson viria de “Um Estranho no Ninho” (1975) e faria “Batman” (1989); Shelley Duvall estrelou “Popeye” (1980); Kubrick ainda dirigiria “Nascido para Matar” (1987).
Onde assistir hoje
Em 17 de junho de 2025, O Iluminado está disponível no catálogo do Max no Brasil, além de aluguel e compra digitais na Prime Video e Apple TV; em TV por assinatura, costuma aparecer no Cinemax e, em sinal aberto.
O legado de O Iluminado
O mito em torno do labirinto de O Iluminado reforça como Kubrick transformava limitações práticas em magia cinematográfica. Nenhuma cerca-viva fixada no Timberline existiu durante as filmagens, mas a ilusão construída em estúdio virou símbolo do terror moderno.
Ainda assim, a réplica plantada no Stanley Hotel comprova o impacto cultural do filme: fãs querem tocar o pesadelo que antes só vivia na tela. Com isso, locações, maquetes e réplicas se entrelaçam na experiência turística que hoje movimenta o Colorado.
Seja revisitando o filme em streaming ou andando entre arbustos reais, a pergunta persiste: até onde vai a linha entre realidade e ficção? Em O Iluminado, Kubrick prova que, muitas vezes, ela se perde em um corredor frio e emaranhado, tal qual o próprio labirinto que, paradoxalmente, nunca existiu da forma como lembramos.
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