A Formiga e o Tamanduá surgiu em 1969, com uma proposta tão simples quanto cativante: o duelo sem fim entre uma formiga esperta e um tamanduá azul faminto.
Produzidos em tempo recorde pelo estúdio DePatie-Freleng, os 17 curtas de seis minutos atravessaram seis décadas, inspirando maratonas na TV brasileira, edições em Blu-ray e uploads oficiais no YouTube.
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Do esboço à tela em dois anos
Logo após o sucesso inicial da Pantera Cor-de-Rosa, os produtores David H. DePatie e Friz Freleng queriam outro “gato-e-rato” que coubesse nas sessões de cinema infantil da United Artists.
Entre 1968 e 1969, uma equipe enxuta de animadores, Gerry Chiniquy, Hawley Pratt e Art Davis entre eles, desenhou, pintou e finalizou todos os storyboards de A Formiga e o Tamanduá em pouco mais de 18 meses, recorrendo a cores chapadas para acelerar a pintura.
Cada curta custava cerca de US$ 34 mil, bem abaixo do padrão Disney da época. A economia veio da animação limitada: planos estáticos, ciclos de corrida reaproveitados e a famosa “boca que não mexe” do tamanduá, compensados por uma trilha de jazz saltitante criada por Doug Goodwin, gravada em Los Angeles com Ray Brown no contrabaixo e Shelly Manne na bateria.
O resultado foi uma produção “relâmpago”: 17 filmes de A Formiga e o Tamanduá prontos entre março de 1969 e junho de 1971, imediatamente vendidos para a televisão.
Elenco e vozes que deram personalidade
Em A Formiga e o Tamanduá original, o comediante John Byner fazia sozinho as duas vozes principais: o tamanduá, imitando o sotaque de Jackie Mason, e a formiga Charlie, numa variação de Dean Martin.
No Brasil, a primeira dublagem, produzida pela Cine Castro em 1974, escalou Bruno Netto (Formiga) e Ionei Silva (Tamanduá). A redublagem de 1983, feita na Herbert Richers, trocou as vozes por Mauro Ramos e Luiz Feier Motta, mantendo o texto mais fiel aos trocadilhos originais.
Byner continuou ligado à marca: ele voltou a dublar o tamanduá em especiais da Pantera e, fora da animação, estrelou as séries Soap e Bizarre, além de participações em CSI e The Black List. Já Freleng, criador dos personagens, colecionava quatro Oscars por curtas dos Looney Tunes, incluindo obras-primas como “Speedy Gonzales” e “Tweetie Pie”.
Da telona ao horário infantil brasileiro
Os curtas de A Formiga e o Tamanduá estrearam no Brasil em 1974, dentro da Sessão Patota da TV Tupi, e logo migraram para a TV Globo, onde ganharam novas aberturas desenhadas pelo departamento de arte da emissora.
Nos anos 1990, viraram atração fixa no Cartoon Network latino, abrindo blocos de clássicos ao lado de Pica-Pau e Pernalonga.
Com apenas “uma temporada” oficial de 17 episódios, o desenho foi recompilado exaustivamente em coletâneas. A coleção The DePatie-Freleng Story em Blu-ray, lançada em 2016, traz entrevistas e trilhas isoladas que revelam takes alternativos de saxofone cortados pela censura de tempo das exibições na TV.
Na era do streaming, a marca sobreviveu em Pink Panther and Pals (2010), onde o tamanduá ganhou um filho e a formiga virou adolescente, mas sempre homenageando o ritmo frenético dos curtas originais.
Curiosidades de bastidores de A Formiga e o Tamanduá que surpreendem
- O tamanduá não tem nome oficial; no episódio “Rough Brunch” ele se apresenta simplesmente como “Aardvark”.
- Cada vez que aspira a formiga, o som é literalmente um aspirador Hoover gravado em estúdio e acelerado em 20 %.
- A cor azul foi escolhida para evitar confusão com o laranja predominante dos supostos “cupins” que aparecem em alguns curtas.
- A dublagem brasileira trocou “aardvark” por tamanduá porque quase ninguém conhecia o mamífero africano por aqui, segundo dicionários da época, a palavra mal aparecia em publicações de biologia.
- O jazz-tema foi tão elogiado que Ray Brown incluiu a melodia principal em seus shows de 1970 no Village Vanguard.
Onde assistir A Formiga e o Tamanduá hoje
Em 2025, todos os 17 curtas estão disponíveis gratuitamente no canal oficial da Pink Panther no YouTube, com remasterização em HD e legendas opcionais em português. Para quem prefere TV, o bloco Classic Cartoons da Pluto TV exibe maratonas semanais.
Por que A Formiga e o Tamanduá ainda encanta
Poucos desenhos conseguem unir timing cômico, trilha sofisticada e carisma visual em episódios tão curtos. Mesmo sem falas complexas, o tamanduá azul e a formiga vermelha falam a língua universal da comédia física, garantindo risos de crianças e nostalgia de adultos.
Além disso, a produção enxuta de 17 curtas evita desgaste: cada gag soa fresca, cada piada musical vem no compasso certo, e a repetição vira assinatura, não tédio. O resultado é um conceito que sobrevive intacto a novas dublagens, remasterizações e reboots.
Por fim, a facilidade de acesso, YouTube gratuito, streaming e mídias físicas, mantém A Formiga e o Tamanduá circulando, gerando memes e inspirando novos animadores. Para quem estuda roteiro ou desenho, a série continua sendo aula de ritmo, staging e economia narrativa.
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