Metrópolis: o clássico de Fritz Lang que ainda inspira nossas cidades

Metrópolis: o clássico de Fritz Lang que ainda inspira nossas cidades
Metrópolis: o clássico de Fritz Lang que ainda inspira nossas cidades - Imagem: Divulgação

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Metrópolis, épico expressionista de Fritz Lang lançado em 1927, revolucionou o cinema com cenários verticais, efeitos pioneiros como o truque Schüfftan e crítica à luta de classes, influenciando Blade Runner e animes cyberpunk; a versão restaurada de 2010 está disponível no MUBI, Looke e Blu-ray nacional da Versátil.

Metrópolis abre a cortina para um futuro que, quase um século depois, ainda lembra as ruas engarrafadas que cruzamos todo dia. Já pensou por que certos medos tecnológicos não envelhecem? Vem descobrir o que esse épico guarda de tão atual.

Metrópolis e o contexto histórico da ficção científica dos anos 20

Nos anos 20, o mundo tentava se recuperar da Primeira Guerra Mundial e buscava novas formas de imaginar o futuro. Metrópolis surge nesse cenário como espelho dos avanços industriais que transformavam cidades europeias.

Industrialização acelerada

Cervejarias viravam fábricas de motores, linhas de montagem copiavam o modelo de Henry Ford e o ritmo das máquinas entrava no cotidiano urbano. O filme captura o som metálico e a fumaça pesada que já cobriam Berlim.

Expressão artística e crise social

O expressionismo alemão, com cenários tortuosos e luzes fortes, traduzia a ansiedade coletiva. Artistas questionavam a concentração de riqueza enquanto operários lotavam subúrbios. Metrópolis refletiu essa tensão ao mostrar arranha-céus reluzentes acima de túneis escuros.

A influência da ciência popular

Revistas baratas publicavam artigos sobre foguetes, viagens lunares e robôs mecânicos. Leitores montavam pequenos rádios em casa e sentiam que o espaço estava ao alcance. O roteiro incorporou essas novidades ao criar a icônica robô Maria.

Concorrência internacional

Enquanto Hollywood apostava em epopéias bíblicas, a Alemanha investiu pesado no futuro. Os estúdios da UFA reuniram engenheiros, arquitetos e técnicos de efeitos para superar produções estrangeiras. Metrópolis mostrou que a ficção científica podia ser grandiosa e politizada.

Público e recepção

O lançamento dividiu críticos. Alguns viram propaganda socialista; outros, um alerta humanista. Mesmo assim, o espetáculo visual atraiu multidões e consolidou Metrópolis como marco pioneiro na ficção científica do cinema mudo.

criação dos cenários e efeitos visuais que redefiniram o cinema

Em Metrópolis, os estúdios da UFA ergueram ruas inteiras em escala real, com pontes suspensas e avenidas múltiplas, feitas de aço, gesso e madeira pintada para refletir luz metálica. Operários trabalharam dia e noite, criando plataformas móveis que permitiam à câmera deslizar entre carros, trens e multidões coreografadas.

Miniaturas pioneiras

A equipe construiu maquetes detalhadas de arranha-céus com até três metros de altura. Para parecerem gigantes, as miniaturas foram filmadas em alta velocidade e iluminadas por trás, técnica que deu profundidade ao horizonte de Metrópolis. Linhas de trânsito elétrico foram simuladas com lâmpadas minúsculas piscando em sincronia.

O truque Schüfftan

Usando espelhos inclinados, Eugen Schüfftan combinou atores ao vivo e cenários em escala reduzida no mesmo fotograma. Partes reflexivas eram raspadas para deixar só a porção desejada da maquete aparecer, fundindo realidade e modelo sem pós-produção. Esse efeito revolucionou a percepção de espaço no cinema.

Iluminação expressionista

Refletores de carvão criaram sombras diagonais que marcavam o contraste social do roteiro. Filtros coloridos sobre o preto-e-branco ajudaram a distinguir os níveis da cidade: tons frios para a superfície reluzente, quentes para as catacumbas. Esse esquema deu a Metrópolis um visual dramático e atemporal.

Movimentos de câmera em grua foram coreografados com exércitos de figurantes. Para a cena da inundação, tanques de água despejaram milhares de litros sobre um piso inclinado, enquanto ventiladores gigantes simulavam ventania. O resultado cimentou Metrópolis como referência em efeitos práticos, influenciando blockbusters por décadas.

temas de luta de classes e religião sob lente expressionista

Em Metrópolis, o abismo entre patrões e operários ganha forma física: arranha-céus dourados no topo, túneis úmidos abaixo. A cidade vira metáfora da Torre de Babel, onde cada grupo fala um idioma social diferente e a comunicação falha provoca ruína.

A torre e o subterrâneo

No alto, festas elegantes exibem fontes de luz elétrica; no fundo, máquinas pulsantes exigem turnos intermináveis. Essa dualidade em Metrópolis reforça a crítica à industrialização que transforma pessoas em peças descartáveis. O contraste é sublinhado por enquadramentos verticais, destacando quem manda e quem obedece.

Sermões e sacrifícios

A personagem Maria assume papel messiânico, pregando que “o mediador entre a cabeça e as mãos deve ser o coração”. A cena na catacumba, iluminada por velas tremulantes, mistura iconografia cristã com discurso sindical. Em vez de altares exuberantes, vemos arcadas de concreto, lembrando que a fé também habita espaços de opressão.

Luz e sombra em conflito

O expressionismo de Metrópolis usa sombras recortadas para mostrar corpos que parecem crucificados nas engrenagens. Refletores rasantes criam halos sobre os ricos, enquanto grelhas projetam grades invisíveis sobre os pobres. Essa estética questiona se a religião consola ou legitima a hierarquia.

Quando as massas se revoltam, sinos tocam como em juízo final. A inversão dos papéis — filhos de industriais enfrentando a própria criação — explicita que, em Metrópolis, redenção só surge quando as classes reconhecem sua interdependência.

censura, versões perdidas e a saga da restauração completa

Desde a estreia, Metrópolis enfrentou tesouras de censura que temiam sua crítica social. Produtores cortaram cenas de rebelião e símbolos religiosos, enquanto governos exigiam uma versão mais curta para distribuição internacional.

Recortes em Berlim e Hollywood

No lançamento alemão, 30 minutos sumiram. Quando chegou a Nova York, o estúdio encurtou mais 15, alterando a ordem das bobinas. Essa montagem virou padrão por décadas e fez o público conhecer Metrópolis de forma fragmentada.

Negativo desaparecido

O negativo original foi vendido, dividido e, em parte, perdido durante a Segunda Guerra. Arquivos espalhados guardavam cópias em 16 mm, mas a qualidade era baixa. Pesquisadores cruzavam listas de censura para adivinhar onde iam as cenas ausentes.

Descoberta em Buenos Aires

Em 2008, curadores do Museo del Cine encontraram uma lata enferrujada com uma cópia quase integral. A película estava riscada, porém legível. Laboratórios alemães digitalizaram quadro a quadro, comparando cada fotograma com storyboards originais. Com o material, a restauração de 2010 reinseriu 25 minutos perdidos e devolveu ritmo, diálogos e subtramas que explicam a jornada de Metrópolis.

influência em produções posteriores, de blade runner a anime

A paisagem vertical de Metrópolis mudou como o cinema imagina o futuro. Diretores passaram a empilhar ruas, pontes e telões sobre névoa constante, criando megacidades que parecem não ter chão nem céu definidos. Esse desenho urbano virou base para narrativas distópicas e debates sobre espaço humano.

Arquitetura sombria em Blade Runner

Ridley Scott estudou maquetes de Metrópolis antes de montar os prédios úmidos de Blade Runner. Ele copiou o contraste entre letreiros brilhantes e becos apertados, adicionando néon e chuva ácida. O voo dos carros, em diferentes níveis, amplia a ideia de classes segregadas por altura.

Raízes no anime cyberpunk

O mangá “Metropolis”, de Osamu Tezuka, nasceu como tributo direto à obra de 1927. No filme de 2001, a robô Tima ecoa Maria e reforça o elo com Metrópolis. Akira, Ghost in the Shell e Alita absorveram o conceito de cidade estratificada, misturando Metrópolis ao brilho neon e à energia quase caótica dos painéis holográficos.

Ecos em blockbusters

Star Wars exibe linhas art déco no planeta Coruscant, herança direta de Metrópolis. The Matrix retoma cabos conectados a corpos, lembrando operários presos às engrenagens. Videoclipes de Madonna e Lady Gaga repetem a dança dos trabalhadores, provando que o legado visual continua a alimentar novas mídias.

curiosidades sobre elenco, robô feminino e trilhas sonoras

Aos 18 anos, a atriz Brigitte Helm enfrentou os desafios de viver Maria e o robô em Metrópolis. Ela alternava doçura humana e frieza mecânica em jornadas de gravação que chegavam a 14 horas. Seu olhar intenso ajudou a vender a dualidade que move o enredo.

O peso da Maschinenmensch

O traje da robô pesava quase 50 kg e era feito de fibra de madeira, resina e folhas de cobre pintadas. Helm mal conseguia sentar e, nas cenas com faíscas, queimou partes da pele. Para aliviar, técnicos forraram o interior com peles de camurça. Mesmo assim, a atriz desmaiou duas vezes durante as filmagens de Metrópolis.

Figurantes e truques curiosos

Fritz Lang contratou mais de 25 000 figurantes para a sequência do êxodo. Entre eles, 500 crianças berlinenses que recebiam um marco por dia. A água que inunda o subsolo veio de um reservatório temporário construído ao lado do estúdio; foram usados 11 000 litros por tomada, dado que mostra o escopo de Metrópolis.

Músicas que atravessam gerações

Gottfried Huppertz compôs a trilha original, inspirada em Wagner. Em 1984, Giorgio Moroder remixou o filme e adicionou canções de Freddie Mercury e Pat Benatar, introduzindo Metrópolis a um novo público. Em 2010, a restauração completa contou com gravação digital da Orquestra Sinfônica de Berlim, combinando partituras perdidas e som surround.

onde assistir hoje e edições em mídia física disponíveis no Brasil

Quer rever Metrópolis sem garimpar arquivos obscuros? Hoje existem opções online e em mídia física que preservam a restauração de 2010 com legendas em português. Confira rotas seguras e preços acessíveis para ter Metrópolis à mão, seja no celular, seja na prateleira.

Streaming legal no Brasil

  • MUBI: catálogo rotativo; o clássico aparece periodicamente. Aproveite o teste gratuito de sete dias para maratonar Metrópolis.
  • Looke: aluguel ou compra digital em HD; permite download offline.
  • Prime Video Channels – Oldflix: assinatura mensal barata com vários filmes mudos, incluindo Metrópolis.
  • Plataformas de biblioteca pública: o streaming BibliON (SP) oferece empréstimo digital gratuito quando há licenças disponíveis.

Blu-ray e DVD nacionais

A Versátil Home Vídeo lançou edição dupla em Blu-ray, trazendo restauração completa e extras como o making of. O disco é região A/B livre, roda na maioria dos players vendidos no Brasil. Já em DVD, a Coleção Folha “Grandes Clássicos” inclui Metrópolis em versão remasterizada com áudio estéreo.

Importados compatíveis

Quem busca trilha DTS-HD pode importar o box da Eureka! (UK). Ele aceita Region B, que corresponde aos dispositivos brasileiros. A Amazon facilita frete e tributos antecipados.

Com essas alternativas, dá para curtir Metrópolis no sofá ou colecionar uma cópia de qualidade sem dor de cabeça.

Metrópolis continua a pulsar além da tela

Quase um século depois, o filme ainda inspira megacidades de neon, provoca reflexões sobre classe e religião e exibe efeitos práticos que desafiam o tempo. Cada restauração, trilha remixada ou referência em blockbusters mostra que a obra de Fritz Lang segue viva e acessível, seja no streaming ou na prateleira dos colecionadores.

Ao revisitar essa jornada de produção ousada, censura, perdas e descobertas, percebemos que a verdadeira força de Metrópolis está em nos lembrar que tecnologia e humanidade caminham juntas. Vale a pena assistir de novo — ou pela primeira vez — e enxergar como o passado projetou o futuro que habitamos hoje.

FAQ – Perguntas frequentes sobre Metrópolis

Onde posso assistir Metrópolis em streaming legal no Brasil?

O filme aparece no MUBI em ciclos especiais, no Looke para aluguel ou compra e no canal Oldflix dentro do Prime Video.

Qual versão devo procurar para ver o filme completo?

Busque a restauração de 2010; ela inclui os 25 minutos recuperados em Buenos Aires e costuma vir com legendas em português.

Quem é a robô feminina e por que ela é tão marcante?

A Maschinenmensch, vivida por Brigitte Helm, é o primeiro androide do cinema e influenciou desde Star Wars até clipes de música pop.

Como Metrópolis influenciou Blade Runner e outros filmes?

A arquitetura vertical, luzes de néon e separação de classes vistas em Metrópolis serviram de modelo para Blade Runner, Akira e Ghost in the Shell.

Existem curiosidades sobre as filmagens que pouca gente sabe?

Sim. O traje da robô pesava quase 50 kg, a produção usou 25 000 figurantes e 11 000 litros de água por tomada na cena da inundação.

Vale a pena comprar o Blu-ray nacional? O que ele traz de extra?

O Blu-ray da Versátil inclui a versão completa, documentário de bastidores, trilha isolada e livreto com fotos raras do set de Metrópolis.

Créditos: Vídeo Canal Rotten Tomatoes Classic Trailers

 

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Foto de Augusto Tavares

Augusto Tavares

Me chamo Augusto Tavares, sou formado em Marketing e apaixonado pelo universo dos programas de TV que marcaram época. Como autor trago minha experiência em estratégia de comunicação e criação de conteúdo para escrever artigos que reúnem nostalgia e informação. Meu objetivo é despertar memórias afetivas nos leitores, mostrando como a era de ouro da televisão ainda influencia tendências e comportamentos nos dias de hoje.

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